Limites (de)colonais de políticas públicas culturais: o Programa VAI (São Paulo) -

Autor: Carolina Brunelli Dagnino
Ano da Defesa
2019

Resumo

Este artigo resulta de uma pesquisa sobre os limites das políticas culturais elaboradas por governos progressistas para o enfrentamento da herança do colonialismo e dos processos de opressão. Seu objetivo, escolhido em função da análise da contribuição de autores que tratam o tema, foi verificar a hipótese de que os envolvidos por essas políticas adquirem uma maior consciência acerca dos aspectos estruturantes do colonialismo. Para isso, foi realizado um estudo de caso junto a jovens de baixa renda envolvidos com o Programa VAI, (Programa para a Valorização de Iniciativas Culturais), elaborado em 2003, que visa a apoiar financeiramente atividades artístico-culturais de jovens de baixa renda em regiões da cidade de São Paulo desprovidas de recursos e equipamentos culturais. As entrevistas realizadas junto a dois coletivos apoiados pelo Programa permitiram a validação da hipótese e apontaram três resultados principais. O primeiro, que corrobora o destacado pelos autores pesquisados, foi o de que a cultura pode ser um elemento chave para um processo de conscientização que promova aquele enfrentamento. O segundo, que já era esperado, foi o de que, por esbarrar em obstáculos estruturais engendrados pela condição periférica de nosso capitalismo, as políticas culturais progressistas, a menos que solidamente apoiadas por outras políticas focadas na materialidade daquela herança colonial, dificilmente poderão enfrentá-la. O terceiro resultado aponta para a conveniência de que se vincule de modo mais sistemático as ações propostas pelas políticas culturais progressistas com o processo de conscientização dos envolvidos acerca da necessidade desse enfrentamento.