Nova edição Revista Extraprensa

Português, Brasil

Esta  edição  da  revista  Extraprensa  tem como tema “Cultura, Representações Sociais e Comunicação na América Latina”. 

O objetivo é refletir sobre os dilemas dos sis-temas democráticos nos países continentes referentes aos modelos de representação para além das suas formalidades.

É  fato  que  as  democracias  no  continente  são  recentes  e  marcadas  por  instabilidades devido ao lugar ocupado por estas nações na geopolítica internacional. Isto ficou ainda mais visível com a percepção dos povos latino-americanos acerca dos im-pactos sociais do receituário neoliberal im-posto pelo grande capital transnacional. O aprofundamento da democracia possibilitou questionamentos a este modelo imposto pela ordem mundial dentro dos próprios espaços institucionais da democracia burguesa. Por isto ela é atacada por todos os lados pelas classes dominantes.

De uma forma distinta do que foi nos anos 1960, reconstruiu-se uma ideia do na-cional-popular. Mas não necessariamente a partir da voz de intelectuais comprometidos com projetos políticos de cunho socialista que falam em nome de um povo e sua di-versidade. A vez agora é de protagonismos midiáticos e culturais dos próprios sujeitos desta diversidade por meio de narrativas direcionadas para além dos espaços políticos tradicionais. A cultura emerge como este novo lugar da práxis política, pois é o lócusda projeção de subjetividades.

Assim,  os  artigos  desta  edição  tra-zem estudos que analisam os mecanismos de manutenção da ordem por meio da mí-dia  hegemônica,  as  sutilezas  ideológicas  que reproduzem uma ordem estabelecida e também reflexões sobre iniciativas que pretendem construir uma narrativa a partir “do lado de cá”.

O que chama atenção neste cenário é a sofisticação dos mecanismos de opressão ideológica. Já não se trata apenas de disse-minar determinados valores abertamente partidarizados, mas sim apresentar modelos de representação dos grupos subalterniza-dos gerando a aparência de uma diversidade na mídia.

Evidente  que  com  a  institucionali-zação da ordem democrática não é possí-vel, para as estruturas de poder, ignorar a existência da maioria excluída. Por isto é necessário este deslocamento das narrativas hegemônicas para a definição de papeis e es-paços pré-determinados para determinados segmentos, de forma que a sua visibilidade não altere as estruturas de poder.

Observa-se  que  muitos  ainda  con-fundem  representação  com  visibilidade,  o que é um grande equívoco. A invisibili-dade é, além da não presença nos espaços midiáticos, o estreitamento do arquétipo de cidadão a partir das referências hegemô-nicas. A participação no grande circo não transforma  os  gladiadores  em  cidadãos.  O arquétipo de sujeito-cidadão precisa ser alargado e é justamente isto que sinaliza a práxis político-cultural destes sujeitos nas várias experiências. Os estudos desta edi-ção do Extraprensa trazem esta importante reflexão.

Boa leitura,

Prof. Dr. Dennis de OliveiraDezembro de 2019Coordenador do Centro de Estudos Latino-Americanos sobre Cultura e Comunicação (CELACC).

 

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