O presente artigo tem como objetivo demonstrar a potencialidade da arte teatral como espaço de reflexão para o enfrentamento das questões raciais no ambiente escolar. Para colaborar com esse propósito, destaco a existência da lei 10.639/03, que trata da obrigatoriedade do ensino de história e cultura afro-brasileira no currículo nacional, contextualizando, entretanto, como a ineficiência de sua aplicação colabora para a perpetuação de práticas racistas, a sensação de não pertencimento e uma formação não positiva da identidade racial entre estudantes de ensino fundamental e médio. Para aprofundar a reflexão destaco a atemporalidade da experiência do Teatro Experimental do Negro (TEN) - que tinha como pilares essenciais a valorização da identidade e da cultura negra – e de como ela pode colaborar com a luta antirracista de nosso tempo. Compartilho um estudo de caso de um projeto teatral sobre contos e lendas do continente africano, realizado em escolas públicas na cidade de São Paulo, que ilustra como a ausência da prática da lei 10.639/03 compromete e atrasa a luta racial no ambiente escolar. Conclui-se o artigo ressaltando a potencialidade do teatro, a importância da referida lei, que experiências podem ser revisitadas e aprimoradas, além da necessidade de que a luta racial deve ser um compromisso efetivo de toda a sociedade.