A palavra crise se cristalizou no nosso imaginário no seu sentido negativo. No dicionário Houaiss, crise é definida como uma "situação socioeconômico repleta de problemas, conjuntura desfavorável à vida material, ao bem-estar da maioria” .
Porém, em um dos dialetos chineses, a palavra crise é escrita com dois caracteres, um que significa "abismo" e outro "oportunidade".
Qual abismo?
O continente passou por mudanças significativas nesta passagem de século e milênio. Depois de um ciclo autoritário nos anos 1960 e 1970, houve a redemocratização e o fortalecimento de movimentos sociais, a imposição de uma agenda de ajuste econômico global, um ciclo reativo de governos que buscavam reposicionar as nações do continente no cenário geopolítico mundial e uma nova crise econômica mundial que fortalece correntes que combinam conservadorismo nos costumes, liberação dos mercados e questionamentos a princípios democráticos. Isto impacta a agenda da diversidade nas sociedades latino-americanas tanto no aspecto das normatividades legais como nas expressões simbólicas.
Qual oportunidade?
O desafio intelectual de se construir diagnósticos e perspectivas para o continente nas mais diversas áreas, instigando-nos a fazer uma verdadeira reflexão (pensar o já feito) e sinalizar para possibilidades. O espaço interdisciplinar da revista Extraprensa se abre então para que os pesquisadores possam exercitar esta dimensão positiva da crise.