Mídia e Construção do Imaginário Nordestino em São Paulo - Revista Veja e As Eleições Presidenciais 2010
Autor: Flavianny Guimarães de Oliveira
Ano da Defesa
2010
Resumo
Segundo o mapa da pobreza e desigualdade traçado pelo IBGE, “a partir
dos dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares 2002-2003 e do Censo 2000”, 77% dos
municípios nordestinos tinham mais da metade de sua população vivendo na pobreza. Tal
informação, embora verdadeira, é tratada com certa generalidade criando a idéia de pouco
progresso para a região e imagem de atraso para o nordestino, condicionando-o a submissão
em lugares que, na teoria, ofereceriam mais recursos. O nordestino deixa então sua terra natal
para se aventurar na cidade grande e muitas vezes não sabe, ou não consegue realizar antes de
sair, que na terra dele existe poucas condições de melhorias e remuneração inferior a dos
grandes centros, mas, lá ele tem nome, sobrenome, família, descendência e significado.
Em cidades como Rio de Janeiro e São Paulo ele deixa de ser o paraibano, alagoano,
sergipano, baiano, piauiense, maranhense, cearense, pernambucano e potiguar para ser “nordestino”,
os “paraíbas” no Rio de Janeiro e os “baianos” em São Paulo, que muitas vezes têm
igual, menor ou nenhuma chance de ascensão na cidade grande.
A revista Veja escrita para uma classe social mais abastada, servindo aos interesses
desta classe, quando aborda as questões que tratam do nordestino, principalmente depois da
ascensão de um nordestino ao posto mais alto na carreira política do país, dá ênfase a história
de um povo dependente do assistencialismo e muitas vezes caracteriza-o como inferior em
relação ao povo do sudeste.
A Veja se designa como transformadora tanto que expressa ter como missão fazer
uma reforma no Brasil. Daí a preocupação em classificar como essa produção age na constru-
ção do imaginário nordestino naqueles que lêem Veja ou, pelo menos, de que maneira eles
recebem tal informação.
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