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Meninos e meninas em situação de rua e a cultura de sobrevivência na região central de São Paulo

Ataíde França

Resumo

Na primeira parte deste trabalho, desenvolvemos uma breve reflexão acerca de fatores históricos que classificamos como responsáveis pelo surgimento deste grupo social: meninas e meninos em situação de rua (aqui, especificamente, os que vivem na região central da capital do Estado de São Paulo). Fazemos uma análise de como a política segregadora, racista e violenta implantada no Brasil desde o período colonial fomentou o não desenvolvimento social e econômico de homens e mulheres, de ampla maioria negra, arrancados de suas terras na África e aqui escravizados por quase quatrocentos anos, desprovidos de qualquer política que lhes proporcionasse minimamente a cidadania, o direito à terra, a educação. Em seguida, um questionamento. Por que o centro? Analisamos as possibilidades de sobrevivência na área central da capital de São Paulo e os fatores que colaboram para esse êxodo, uma vez que a periferia já conta com uma gama de serviços e um fluxo de pessoas, ambos bem relevantes. As relações entre as instituições de Direitos Humanos de crianças e adolescentes também foram aqui brevemente analisadas. Para tanto, visitamos essas instituições para entender como se dá a relação entre elas e as meninas e meninos em situação de rua, na área administrada politicamente pela Subprefeitura da Sé. Durante as visitas, realizamos uma conversa para saber um pouco de cada organização e participamos de atividades que nos proporcionaram um bom diálogo com alguns adolescentes. Aqueles com quem conseguimos contato relataram um pouco das suas histórias de vida na família e na rua. Por fim, refletimos sobre o preço dessa liberdade e sobre os encantos e desencantos da vida na rua. A violência urbana, que conversa diretamente com a família e que deixa sequelas tão fortes quanto as deixadas pelo processo histórico, ainda insiste em afirmar o que diz a música de Seu Jorge, Marcelo Yuka e Wilson Capelette (1998): “a carne mais barata do mercado é a carne negra.”

Cultura, educação e relações étnico-raciais (ETNOCULT)

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