Conflitos políticos, simbólicos e econômicos na cultura eletrônica paulistana: coletivos independentes versus empresários da noite
Tatiana de Carvalho Oliveira
Resumo
Este trabalho visa analisar as disputas por espaço que ocorrem entre organizações independentes e proprietários de casas noturnas de música eletrônica da cidade de São Paulo, a partir de uma investigação sobre as afinidades e as disparidades nos processos de valoração e transmissão de valores simbólicos e econômicos entre estes produtores culturais; as políticas que coletivos e empresários defendem sobre os usos da cidade; os recursos culturais, econômicos e simbólicos desses sujeitos; e as consequências dessas interações sociais para o futuro da cultura eletrônica paulistana enquanto uma unidade local. Para tanto, este artigo leva em conta os estudos sobre cenas musicais e suas relações com as cidades, o conceito estrutural e o aspecto contextual de cultura e um caso emblemático envolvendo medidas da Prefeitura de São Paulo que culminaram na interdição de locais onde seriam realizados uma edição da festa itinerante ODD e a comemoração de aniversário de quatro anos do coletivo Mamba Negra, em maio de 2017. Este estudo inclui, ainda, uma pesquisa documental e a realização de entrevistas com os indivíduos envolvidos no fato estudado para investigar se as motivações do poder público estavam ligadas aos interesses dos empresários da noite, bem como entender quais foram os antecedentes e os desdobramentos desse episódio para a própria cultura eletrônica paulistana. Por fim, este trabalho visa demonstrar a necessidade de se desenvolver estudos sobre possíveis caminhos para a coexistência dos sujeitos citados.