O Palco e a Rua: a experiência do Teatro do Contêiner
Fernanda Cordeiro Leite da Silva
Resumo
O teatro é uma das expressões artísticas mais antigas do mundo. A representação de outra pessoa, de outra vida, de outra realidade é o cerne da experiência teatral e dramas, tragédias e comédias são analisados para refletir sobre fenômenos sociais. A ritualística – que entende o teatro como emergente do rito e do mito – e a contação de histórias – através das pantomimas e das mimeses são conceitos importantes que explicam a ação dessa expressão artística.(BERTHOLD, 2019). O teatro está vinculado a ação coletiva e a interação entre as partes envolvidas, seja esta realizada entre atores, entre espectadores ou entre elenco e plateia, constituem uma forma de sociabilidade (SIMMEL, 1983 apud ALVES, 2013). No Brasil, durante os anos de 1960, a expressão artística se transformou em instrumento de resistência à ditadura militar, e de intervenção e mobilização social. Assim, a partir do Teatro do Contêiner, gerido pela Cia Mungunzá de Teatro e localizado na região da Luz, o presente artigo busca analisar o espaço e as práticas sociais dos atores sociais envolvidos com esse equipamento cultural para compreender a ação cultural em territórios marcados por disputas. Para tanto, busca refletir sobre conceitos como produção gentrificação (GLASS, GEVEHR; BERTU, 2017), direito à cidade (LEFEBVRE, 2008) , pertencimento (BAUMAN apud SANTOS, 2014), e dinâmicas do Espaço geográfico (SANTOS, 2024), entre outros, para investigar a participação do Contêiner no processo de resistência popular e de requalificação do espaço urbano. Utiliza-se os métodos da pesquisa bibliográfica e da observação participante para analisar a mobilização de agentes do teatro, isto é, as práticas de humanização do espaço - instalado em um território marcados por disputas - , de acolhimento de grupos vulneráveis, presentes em seu entorno, e de articulação para a democratização da cidade e cultura